Comoção sem sentimento

Foto: Reprodução
A morte do apresentador Gugu Liberato foi, sem dúvida, a perda de uma figura pública que mais causou comoção popular entre os brasileiros nos últimos tempos. Mas qual fundamento de uma comoção que se preocupa mais com o uso da imagem do falecido como status do que um real sentimento de pesar?
Desde que sofrera o fatídico acidente em sua residência, nos Estados Unidos, ainda na semana passada, as redes sociais e toda a internet foram dominadas por manifestações de apoio e gente ávida por saber, até então, seu ainda não confirmado falecimento.
A superexposição exacerbada da imagem de Gugu, infelizmente, também marcou seu velório, com transmissões ao vivo do caixão aberto e todo aquele sentimentalismo mórbido em tirar foto com um corpo morto.
E afinal, qual o valor de expor a fragilidade de familiares e amigos de uma celebridade falecida num momento tão difícil como a hora do último adeus? A troca da sensibilidade por popularidade leva fanáticos a romperem qualquer limite do bom senso e filmar, fotografar, fazer lives de um caixão aberto e focar no choro de dor de pessoas realmente próximas.
O luto coletivo das redes sociais é desenfreado, quando não irônico e cruel. Enquanto estes espaços na internet forem encarados por uma grande parte da população mundial como ‘terra de ninguém’, imagens desnecessárias como a exposição do caixão aberto de Gugu serão sempre constantes marcas da tecnologia se sobrepondo à capacidade do indivíduo melhor refletir sobre assuntos delicados como perdas, lembranças afetivas, separações e, claro, morte.