Deputado preso por negociar armas com facção usava loja do Flamengo e joias para lavar dinheiro do tráfico no RJ, aponta PF
Thiego Raimundo dos Santos Silva (MDB), conhecido como TH Joias, é investigado por tráfico e venda de armas ao Comando Vermelho

Foto: Julia Passos/Alerj
O deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva (MDB), conhecido como TH Joias, preso na quarta-feira (3), no Rio de Janeiro, utilizava uma loja de produtos do Flamengo, adquirida por ele em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, para lavar dinheiro para o tráfico. As informações são da Polícia Federal (PF).
O parlamentar é investigado por tráfico de drogas, corrupção, lavagem de dinheiro e por supostamente negociar armas com o Comando Vermelho (CV). Dois fuzis teriam sido vendidos por R$ 120 mil para traficantes no ano passado.
• Saiba como deputado estadual do Rio traficava drogas e vendia armas para o CV na Alerj
Além da loja do Flamengo, a Polícia Federal aponta que ele usava a produção de joias sob encomenda como fachada para movimentar valores ilícitos.
Somente na parceria com Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, apontado como chefe do Comando Vermelho no Complexo do Alemão, o deputado teria movimentado cerca de R$ 9 milhões nos últimos três anos.
Entre os clientes da loja, estavam também agentes públicos. Um dos casos citados pela PF é o delegado federal Gustavo Steel, cuja noiva foi fotografada usando um anel vendido pelo parlamentar. Steel também foi preso nesta quarta, acusado de receber propina para vazar informações sigilosas a facções criminosas.
As investigações apontam ainda que o gabinete do deputado era usado para empregar mulheres ligadas a traficantes, como Fernanda Ferreira Castro, mulher de Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão, também preso na operação de quarta-feira e suspeito de chefiar o tráfico na favela do Lixão, em Duque de Caxias.
Fernanda Ferreira Castro passou oito meses na Alerj como assistente no Departamento de Legislação de Pessoal. O celular de Fernanda foi apreendido pelos agentes.
Além disso, TH Joias é acusado de contrabandear bazucas antidrones, equipamentos usados para anular drones da polícia durante operações em comunidades dominadas por facções.
"O parlamentar estava transparecendo para a sociedade que era preocupado com a segurança pública, mas ao mesmo tempo negociava armas, drogas, importava bazucas antidrones e ainda vazava informações para criminosos”, disse o superintendente da Polícia Federal, Fábio Galvão.
Ao todo, a Operação Zangun crumpriu 18 mandados de prisão preventiva e 22 de busca e apreensão, além do bloqueio de R$ 40 milhões em bens. Já a Operação Bandeirante, do MPRJ, denunciou TH e quatro pessoas por associação para o tráfico de drogas e comércio ilegal de armas de uso restrito.
A investigação tramita na Procuradoria-Geral de Justiça devido ao foro por prerrogativa de função do deputado, garantindo que o caso seja analisado no âmbito adequado da Justiça.