Defesa de Paulo Sérgio coloca Bolsonaro no centro da tentativa de golpe e enfurece aliados do ex-presidente

A defesa apresentada no Supremo Tribunal Federal (STF) pelos advogados do general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa e réu por tentativa de golpe de Estado, provocou irritação entre aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A estratégia sustenta que o militar teria tentado impedir Bolsonaro de adotar uma medida de exceção.

O argumento apresentado à 1ª Turma coloca o ex-presidente no epicentro da tentativa de golpe após a derrota nas eleições de 2022, vencidas pelo presidente Lula (PT).

Durante a sessão, a ministra Cármen Lúcia questionou a que Paulo Sérgio se referia ao afirmar que teria demovido Bolsonaro, reforçando a ligação dos envolvidos com uma eventual medida de exceção.

"[O general Paulo Sérgio] Atuou ativamente para demover o ex-presidente da República de qualquer medida nesse sentido", afirmou Andrew Fernandes, advogado de Paulo Sérgio. "Demoveu de quê?", questionou a ministra. "De qualquer medida de exceção", respondeu Fernandes. O ponto era negado por Bolsonaro e pelos outros réus até o momento.

O posicionamento dos advogados do general provocou reação entre aliados de Bolsonaro e defensores dos demais réus no Supremo, segundo o Blog da jornalista Andreia Sadi.

Uma publicação feita por Fábio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social, no X, e conversas nos bastidores indicam que a defesa de Paulo Sérgio complicou a situação do ex-presidente na reta final para sua própria defesa. Wajngarten rebateu a teoria da defesa, afirmando que uma “turma que vivia no bate e assopra na orelha do presidente” criava “teorias conspiratórias” para se manter relevante.

Nos bastidores, a situação de Paulo Sérgio e de Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), tem sido avaliada de forma quase isolada por alguns ministros, que entendem que há menos fatos concretos envolvendo-os na trama.

A avaliação preliminar sugere que, embora seja improvável que não soubessem do que acontecia, houve, no caso de Heleno, um afastamento após a reunião em que falou em “virar a mesa”.

Já sobre Paulo Sérgio, os comandantes das três Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) afirmam que ele se reuniu com o objetivo de afastar qualquer tentativa de golpe, o que pode gerar divergências entre os ministros sobre sua participação.

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