Estudo da Fiocruz analisa evolução da monkeypox em pessoas com HIV
Levantamento reuniu 382 casos, sendo 349 (91%) casos em indivíduos que viviam com HIV

Foto: Max Gomes/Fiocruz
O Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) participou de um estudo que avaliou casos de monkeypox doença conhecida popularmente como 'varíola dos macacos' em pessoas com infecção avançada por HIV. a pesquisa reuniu investigadores de 19 países como Estados Unidos, Espanha, México, Reino Unido e Brasil, que forneceram dados de casos confirmados de monkeypox (entre 11 de maio de 2022 e 18 de janeiro de 2023).
O levantamento foi apresentado na 30th Conference on Retroviruses and Opportunistic Infections (Croi 2023) e publicada (21/2) na revista cientifica The Lancet. O estudo Mpox in people with advanced HIV infection: a global case series reuniu 382 casos, sendo 349 (91%) casos em indivíduos que viviam com HIV.
No geral, 107 pacientes (28%) foram hospitalizados e ocorreram 27 mortes (25%), todas em pessoas que apresentavam imunodepressão avançada pelo HIV. Um dos destaques do trabalho foi a descrição de uma forma grave de monkeypox, caracterizada por lesões cutâneas e mucosas necrotizantes, com alta prevalência de manifestações dermatológicas e sistêmicas fulminantes e morte, em pacientes com doença avançada pelo HIV, caracterizada por contagens de linfócitos TCD4+ abaixo de 200 células/mm3.
Outro achado importante do estudo foi a evolução fatal de pacientes com suspeita de deterioração clínica em decorrência da síndrome de reconstituição imune (Iris). De um total de 85 pacientes que iniciaram ou reiniciaram o uso de antirretrovirais, em 25% dos casos se suspeitou que a deterioração clínica pode ter ocorrido em decorrência da Iris, 57% dos quais morreram.