Eventuais efeitos da Covid-19 até 2022
Confira o editorial desta quinta-feira (16)

Foto: Reprodução
Pesquisadores norte-americanos da Universidade de Harvard divulgaram esta semana um estudo que reforça o quão alarmante é, mesmo, a eminente crise socioeconômica devido à pandemia da Covid-19 (novo coronavírus). O estudo aponta que medidas de distanciamento social talvez precisem ser empregadas até 2022 para evitar que a doença, ainda em alto grau de contágio pelo mundo, coloque em risco os sistemas de saúde ao redor do globo.
Assim como todo processo científico, esta pesquisa (publicada na revista especializada Science) trabalha com diversos cenários hipotéticos – até 2025 –, cruzados com dados reais sobre o Sars-CoV-2 e sobre outras formas de coronavírus.
Em momento algum é apontada como um veredito final sobre a evolução da Covid-19, é preciso pontuar, mas é, sim, uma pertinente reflexão, especialmente num momento em que o Brasil encara o aumento de número de mortes diárias, segundo informações do Ministério da Saúde, decorrentes do vírus, e ainda com o sistema de saúde com capacidade satisfatória para atender a população com suspeitas e os infectados.
Voltando à pesquisa, levou-se em consideração, principalmente, o fato de que ainda não está claro como ficará a imunidade das pessoas que já tiveram a doença e se recuperaram. Por este ponto de vista, os cientistas afirmam que a tendência é que o Sars-CoV-2 passe a circular todos os anos, ou a cada biênio, tal como outros coronavírus que hoje causam formas de resfriado mundo afora.
O estudo, então, simula os efeitos das medidas de distanciamento social sobre o avanço da doença e a sobrecarga do sistema de saúde. Um dos indicativos importantes é que o chamaram de ‘distanciamento social radical’: caso realizado uma única vez e por um período relativamente curto, resultados piores podem aparecer, porque ele acaba “reservando” uma grande população de pessoas suscetíveis, sem que haja chance de algumas delas desenvolverem defesas.
O problema desta variável alçada pela pesquisa diz respeito exatamente sobre um dilema que vive atualmente o Brasil: quando acontecer o pico de casos após o distanciamento radical, pode ser ainda mais severo. As simulações que mais conseguem reduzir o tamanho total e os picos da doença, por fim, dependeriam dos chamados distanciamento social longo (20 semanas de duração), capaz de reduzir a força do vírus entre 20% e 40%.
É, sem dúvida, um debate necessário contra o colapso total da sociedade praticamente à mercê de um interminável confinamento.


