IOF: Líder do governo na Câmara diz que governo pulou “fogueira” e sugere mais cortes de gastos
Para José Guimarães, o governo precisa "acelerar suas posições"

Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados
O líder do governo Lula (PT) na Câmara, José Guimarães (PT-CE), avaliou que o Planalto "pulou uma fogueira" ao conseguir acalmar os ânimos entre os deputados e evitar a votação que poderia derrubar o decreto do reajuste do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A declaração foi realizada em entrevista ao Metrópoles.
Guimarães também defendeu que o Executivo busque formas de cortar mais gastos, sem que programas sociais sejam comprometidos, e encontre outras alternativas para arrecadação.
Para cumprir as regas do Novo Arcabouço Fiscal, o governo federal precisa colocar mais R$ 20 bilhões no cofre ainda este ano. Para isso, em maio, o governo aumentou o IOF.
A mudança não foi bem recebida pelo Congresso, por isso, no começo de junho, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou um acordo para reduzir as alíquotas do decreto que elevou o IOF. A ação foi bem recebida pelos presidentes da Câmara e Senado.
Porém, na segunda-feira (16), o plenário da Câmara aprovou o requerimento de urgência do projeto que busca derrubar o novo decreto do IOF, com 346 votos favoráveis e 97 contrários.
"O espírito é assim, há uma crise, você decanta e vão se passando os dias. Aprendi que é preciso paciência e muito diálogo, mas o governo precisa acelerar suas posições. Precisamos acelerar as coisas, estamos pulando uma fogueira votando apenas a urgência, preservando o fundamental, que é o conteúdo do IOF e a MP", afirmou José Guimarães.
"Essas duas medidas, elas são essenciais para o país, não para o governo. Acho que isso pesa muito, o conjunto da Casa tem dimensão da importância porque, do contrário, só teremos prejuízos para o Parlamento. É o jogo do perde-perde, do zero a zero, perde o governo e perde o Legislativo. Esta Casa aprovou uma lei chamada Acabou Fiscal, e o governo trabalha para respeitar a lei", continuou.
Na tarde de segunda-feira, Guimarães esteve em um encontro com a ministra das Relações Institucionais, Gleise Hoffmann, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o presidente da Câmara, Hugo Motta. Na reunião, foi acordado que a Casa só votaria o requerimento de urgência para derrubar o IOF, deixando a análise em si apenas para julho.
Guimarães ainda garantiu que o governo não vai "pedalar" e afirmou que só existem dois caminhos: "Aumentar arrecadação, sem extravagância, ou contingenciar e bloquear mais recursos. O governo prefere negociar, para buscar uma solução mediada. O novo IOF está aqui nos pontos principais. Você faz um ajuste, aumenta aqui, diminui ali".
Assim, o líder do governo na Câmara revelou ser contrário à urgência da derrubada do decreto do IOF. "Não faz sentido [a urgência], mas foi um entendimento construído. Tem hora que você perde o anel para não perder os dedos, o fundamental é preservar o conteúdo do IOF e, sobretudo, da Medida Provisória"