Itens de consumo têm preço elevado pela indústria
Alta do dólar impactou na alta dos preços

Foto: Reprodução/ Agência Brasil
Redes de supermercados passaram a receber novas tabelas de preços elevados de alimentos industrializados, bebidas, produtos de higiene, limpeza e têxteis. Essa foi uma consequência do aumento dos consumos por meio do auxílio emergencial de R$ 600 e a subida do dólar, que auxiliaram para esse reajuste de preços. As informações são do Valor.
Esse movimento de alta nos preços já está sendo captado pelos índices de inflação. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), teve em agosto a maior elevação para o mês desde 2016 - de janeiro a agosto deste ano, a taxa sobe 0,70% e em 12 meses, 2,44%. Já o IGP-M, que reflete a variação dos preços no atacado, acumula alta de 9,64% no ano até agosto e de 13,02% em 12 meses, reflexo da alta das commodities e dólar forte.
“É uma situação que nunca vi. Há demanda sobrando com essa renda extra que entrou, mas a fábrica não produz mais, não abre turno novo. A resposta que temos é que falta insumo. E que não sabem como será 2021, e fica arriscado investir para produzir e contratar mais”, diz um diretor de uma rede de hipermercados há 20 anos no setor.
Em carta à equipe comercial de varejistas, a Bettanin, fabricante de produtos de limpeza, informou que há falta e demora na entrega de insumos, como embalagens, e “grande alta” nos preços dessas matérias-primas. A fabricante alega que o aumento no consumo de produtos para casa ocorre em todos os países e há falta de matérias-primas. A Bettanin também sofre com atrasos por falta de contêineres ou vaga para despachar nos navios.
Em mensagem a varejistas, data de 15 de setembro, a Vibelplast, que trabalha com impressão de embalagens para indústria de alimentos, informou os parceiros que há escassez de insumos e a “única preocupação [é de] como ficará o abastecimento de produtos em geral”. Em seu site, a empresa informa que fornece para a Arcor, Santa Amalia, Jundiá Sorvetes, entre outras.
A Zanotti, que produz insumos para a área têxtil informou no dia 10 que está suspendendo temporariamente suas vendas. Isso ocorre “considerando o cenário atípico que estamos enfrentando e forte entrada de pedidos nos últimos 30 dias”. A intenção com a parada é “principalmente continuar honrando” a entrega de pedidos já recebidos.
Empresas como Nestlé, Unilever, Mondelez, Ambev e Heineken estão no grupo de companhias que já repassaram tabelas de aumentos nas últimas semanas.