Juiz com vida dupla é acusado de 'enganar instituições' por mais de 40 anos; entenda
O magistrado teria enganado por 40 anos utilizando um nome fictício, ao mesmo tempo em que manteve sua verdadeira identidade

Foto: Antonio Carreta/TJSP
O Ministério Público de São Paulo denunciou um juiz aposentado por uso de documento falso e falsidade ideológica. Segundo a acusação, o juiz enganou por 40 anos "quase a totalidade das instituições públicas" utilizando um nome fictício, ao mesmo tempo em que manteve sua verdadeira identidade - ou seja, uma suposta vida dupla.
A trama foi investigada pela Polícia Civil de São Paulo após o magistrado tentar tirar uma nova via do RG com o nome falso em outubro do ano passado, em um Poupatempo na capital paulista. Segundo as investigações, o juiz aposentado Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield, de 67 anos, na verdade se chama José Eduardo Franco dos Reis.
Com a personalidade fictícia, ainda de acordo com a denúncia, Reis estudou direito na USP na década de 1980, prestou concurso e ingressou na magistratura paulista na década seguinte.
Ao longo da carreira, sempre com o nome falso, Reis assumiu vários cargos ligados ao Tribunal de Justiça de São Paulo, como o de Coordenador do Núcleo Regional da Escola Paulista da Magistratura em Serra Negra (SP).
Como juiz, atuou em varas cíveis, nas quais proferiu milhares de decisões, segundo o portal do Tribunal de Justiça. As sentenças eram assinadas como "Edward Albert Lancelot D C Caterham Wickfield".
"Wickfield" se aposentou em abril de 2018, segundo registro no "Diário da Justiça Eletrônico" do estado.
Ato de aposentadoria do juiz foi publicado em 2018. — Foto: Reprodução/Diário de Justiça Eletrônico de São Paulo