Mercosul envia resposta' enxuta' para acordo de livre comércio com União Europeia
Resposta destaca desafios internos e necessidade de preservar políticas públicas durante as negociações comerciais

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Em meio a discussões cruciais para o futuro das relações comerciais entre o Mercosul e a União Europeia (UE), os países sul-americanos enviaram uma resposta concisa à proposta de "side letter" apresentada pela UE. Esse documento visa consolidar um acordo de livre comércio entre os dois blocos econômicos.
A resposta, com apenas duas páginas, foi remetida a Bruxelas horas antes do início de uma reunião virtual entre negociadores sul-americanos e europeus. O conteúdo da resposta, segundo fontes diplomáticas, aborda aspectos gerais, evitando entrar em detalhes específicos, como compras governamentais.
Uma pessoa que teve acesso ao documento explicou que o Mercosul enfatizou a necessidade de "preservação de espaço de políticas públicas", referindo-se às licitações no setor público. No entanto, a resposta não esclarece os detalhes dessa preservação, uma vez que há divergências internas no bloco.
Uruguai e Paraguai parecem relutantes em atender às intenções do Brasil, que manifestou várias vezes a intenção de modificar as exigências relacionadas às compras governamentais. Por outro lado, a Argentina estaria apoiando a postura brasileira, apesar de ter apresentado muitas perguntas. Devido à falta de consenso dentro do Mercosul, a resposta optou por termos mais genéricos.
Os negociadores que contribuíram com informações para esta reportagem afirmam que os detalhes da resposta à UE serão elaborados nas próximas semanas. Existe a possibilidade de uma reunião presencial entre os dois blocos em outubro para avançar nas negociações.
O acordo de livre comércio entre Mercosul e UE, negociado por duas décadas, foi concluído em 2019, mas nunca foi assinado nem encaminhado para ratificação legislativa. Países europeus aumentaram sua resistência à abertura do comércio com o Mercosul, argumentando preocupações ambientais, principalmente relacionadas ao desmatamento na Amazônia e às políticas ambientais no governo anterior.
Acordo
No início de 2023, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, a UE apresentou a "side letter" solicitando compromissos adicionais relacionados ao meio ambiente. O governo brasileiro expressou insatisfação com as exigências, especialmente em relação às metas de redução do desmatamento, que excedem os compromissos do Brasil no Acordo de Paris. O Brasil teme que isso possa limitar o acesso a mercados europeus para produtos agropecuários do Mercosul com base em argumentos ambientais.