STF interroga réus do núcleo 3 da trama golpista; grupo é composto por 9 "kids pretos" e 1 agente da PF
Testemunhas apresentadas pelas defesas do grupo foram ouvidas na última quarta-feira (23); réus são acusados de planejar assassinatos de Lula, Alckmin e Moraes

Foto: Rosinei Coutinho/STF
O Supremo Tribunal Federal (STF) inicia nesta segunda-feira (28) o interrogatório dos 10 réus acusados de integrar o núcleo 3 da tentativa de golpe de Estado, em 2022. Os depoimentos são prestados por videoconferência a partir das 9h.
O grupo é composto pelos "kids pretos" – militares da ativa ou da reserva do Exército, especialistas em operações especiais – e um agente da Polícia Federal. Veja abaixo quem integra o núcleo:
• General Estevam Gaspar de Oliveira;
• Tenente-coronel Hélio Ferreira Lima;
• Tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira;
• Tenente-coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo;
• Coronel Bernardo Romão Corrêa Netto;
• Coronel Fabrício Moreira de Bastos;
• Coronel Marcio Nunes de Resende Júnior;
• Tenente-coronel Sérgio Cavaliere de Medeiros;
• Tenente-coronel Ronald Ferreira de Araújo Júnior;
• Wladimir Matos Soares, agente da Polícia Federal.
As investigações apontam uma organização articulada para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder, após o político ser derrotado nas urnas em 2022 pelo atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Bolsonaro integra o núcleo principal da investigação.
Ao todo, a Procuradoria Geral da República (PGR) denunciou 34 pessoas por golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa, divididas em 5 núcleos, que se tornaram réus no Supremo.
Segundo a PGR, o núcleo 3 foi responsável por ações coercitivas, como o monitoramento de autoridades públicas. A PF acusa os réus de realizarem um "detalhado planejamento operacional, denominado 'Punhal Verde e Amarelo', que seria executado no dia 15 de dezembro de 2022" para matar os já eleitos presidente Lula e vice-presidente Geraldo Alckmin, além do ministro do STF, Alexandre de Moraes.
Na última quarta-feira (23) foram encerrados os depoimentos de todas as testemunhas do processo, com a oitiva dos últimos nomes apresentados pelas defesas do núcleo 3. Os interrogatórios desta segunda foram marcados logo após a finalização das oitivas das testemunhas, pelo ministro Alexandre de Moraes.
Após o encerramento dos interrogatórios, será aberto um prazo de cinco dias para que defesa e acusação solicitem diligências complementares. Na sequência, será iniciada a fase de alegações finais, onde o Ministério Público e advogados apresentarão um resumo da investigação e os argumentos pela condenação ou absolvição.
Os 10 réus podem responder pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, pena de 4 a 8 anos; golpe de Estado, pena de 4 a 12 anos; organização criminosa, pena de 3 a 8 anos; dano qualificado, pena de 6 meses a 3 anos; e deterioração de patrimônio tombado, pena de 1 a 3 anos.
A decisão de condenar ou absolver caberá à Primeira Turma do STF. Haverá possibilidade de recurso dentro do próprio Supremo.
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