Tratamento do câncer em tempos de pandemia
Confira o editorial desta sexta-feira (31)
Desde o início da pandemia da covid-19 no Brasil, entidades pelo país estimam que ao menos 90 mil pessoas deixaram de ser diagnosticadas com câncer. A preocupação real em relação aos números é a de que o país vivencie, pós-covid-19, outra epidemia: desta vez, de câncer em estágio avançado, inoperável e com baixa chance de cura.
A queda de ao menos 70% no número de diagnósticos de câncer no país nos últimos dois meses se deu, principalmente, por causa do isolamento social, proposto como medida de prevenção ao novo coronavírus. Como consequência, os pacientes ficaram reclusos, com medo de saírem de casa para ir a consultas e realizar exames e se contaminarem em hospitais e clínicas.
O câncer já é notoriamente uma doença com números crescentes ao longo dos últimos 20 anos, com grande potencial epidêmico.
Além do isolamento, outros fatores colaboram para o aumento deste número. Os próprios médicos adiaram consultas, cirurgias e exames de rotina, e a capacidade de atendimento dos hospitais foi reduzida, assim como a de profissionais de saúde que adoeceram.
O represamento dos casos por vários meses pode, além de aumentar o risco da doença, fazendo-a evoluir para casos mais graves, sobrecarregar o sistema de saúde de qualquer estado do Brasil, que não tem capacidade para atender todos os casos.
Câncer é a segunda maior causa de mortes no mundo. Existe um cuidado maior agora com a pandemia, lógico, mas essa não é uma categoria de doença que pode ser negligenciada e deixada de lado por um tempo.