Políticos baianos voltam a criticar articulação de Eduardo Bolsonaro nos EUA: "Se tiver algum erro do governo federal, se conserta aqui dentro"
Durante a inauguração do escritório da ApexBrasil em Salvador, o governador Jerônimo Rodrigues e a deputada Fabíola Mansur apontaram um "antipatriotismo" nas ações de Eduardo

Foto: Farol da Bahia
O governador Jerônimo Rodrigues (PT) voltou a criticar, nesta segunda-feira (18), as articulações do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para que o governo dos Estados Unidos aplicasse tarifas contra o Brasil. Para o gestor, não faz sentido um parlamentar pedir licença do mandato para "orquestrar uma ação contrária à economia".
"Não está correto. Se tiver algum erro do governo federal, se conserta aqui dentro. Não há por que um deputado… o Brasil elege um deputado, porque quando um Estado elege, é o Brasil que elege. O Brasil referenda a Constituição, então o Brasil elege 15, 13 deputados. E um deles resolve sair do país, tirar a licença, para poder orquestrar uma ação contrária à economia. Não é a política, porque quem sofre, quem paga com isso são os empresários", pontuou Jerônimo.
A fala do governador foi realizada durante a inauguração do escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) em Salvador. A chegada da ApexBrasil na capital baiana surge como uma medida promissora para combater os impactos do tarifaço imposto pelo presidente norte-americano, Donald Trump, na Bahia.
"O setor do agro agora está padecendo, por ter dificuldade de exportar frutas. Você imagina, os empresários de Juazeiro, que eu tive lá, estão com dificuldade de exportar a safra que vai ser colhida entre agosto e setembro. Como é que essas pessoas estão se sentindo, vendo um deputado indo para os Estados Unidos, com dinheiro público? Que, com certeza, não sei se tem outra fonte, mas se tiver dinheiro público é pior, porque o salário dele é pago pelo povo. Vai jogar contra lá, ao invés de fazer aqui?", continuou.
Para Jerônimo, Eduardo deveria ter atuado no Brasil e conversado com o presidente Lula (PT), ao invés de ir articular com os políticos dos EUA. "Vem fazer a disputa cá dentro, rapaz. Venha para o Congresso, levante lá, faça o motim, chame o presidente da República, o Lula vai receber ele para conversar. Não tem problema com a gente, não", sugeriu.
"É muito triste isso, ver um brasileiro torcendo contra o Brasil e ainda ser chamado de patriota. É impressionante isso", complementou.
Fabíola Mansur
A deputada estadual Fabíola Mansur (PSB) também criticou os parlamentares que apoiam o tarifaço de Trump, a quem chamou de "verdadeiros antipatriotas", afirmando que eles deveriam ter o mandato cassado.
"Eles são os verdadeiros antipatriotas, porque além de não defenderem a soberania do próprio país para o qual foram eleitos, estão ameaçando o setor produtivo, a geração de emprego e renda, brasileiros exportadores, brasileiros de empresas que, apesar de não serem exportadoras, elas são acessórias dessas grandes exportações brasileiras, são uma ameaça ao país. Acho que pessoas como essa, sem nenhuma questão de pressão ideológica, devem ter um mandato cassado, porque foram eleitos para defender o Brasil e estão fazendo um desserviço para o país", afirmou.
No entanto, Fabíola sugere que essas pessoas sejam deixadas de lado e que os esforços do governo sejam direcionados exclusivamente para "dialogar diplomaticamente com o setor produtivo".
A deputada cita as articulações feitas pelo presidente Lula e pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin (PSB), com outros países para abrir novos mercados, além das medidas para assegurar os exportadores brasileiros afetados pelo tarifaço.
"Os Estados Unidos querem proteger a sua indústria e nós temos a obrigação de criarmos novas oportunidades, linhas de crédito e proteção para os serviços que foram mais afetados, gerando oportunidades, gerando abertura de novos mercados", ressaltou. "O Brasil já está tentando ampliar mercados com a China, com o México, com o Panamá, com o mundo árabe e fornecendo linha de crédito para enfrentarmos esses desafios, que é um desafio mundial. E esperamos que o Congresso possa neutralizar essas forças negativas, que inclusive impedem o dinamismo".
Veja declarações:
LEIA TAMBÉM:
• Às vésperas do tarifaço, Jerônimo diz que a Bahia busca outros mercados de exportação
• Defesa de Bolsonaro vai ao Senado em meio à ofensiva da oposição contra prisão decretada por Moraes
• Bahia deve ser o segundo estado do Nordeste mais afetado por tarifa imposta pelos EUA, diz estudo
• Vídeo: Deputada do PT acusa bolsonaristas de travarem votações na Câmara: 'Isso é ditadura'
• Sóstenes Cavalcante afirma que Câmara não retomará trabalhos e critica governo federal