Vítimas da desinformação
Confira o editorial desta quinta-feira (25)

Foto: PxHere
Em uma live recente, a psicóloga Debora Noal, pesquisadora sobre saúde mental na covid-19 pela Fiocruz, chamou atenção de uma realidade alarmante, um cenário real e preocupante: o impacto das fake news junto aos idosos.
A desinformação é um dos grandes inimigos no combate ao novo coronavírus. Compartilhar informações não checadas pode levar à morte. E os idosos são vítimas mais frequentes desse mal, pela falta de intimidade com as interfaces tecnológicas e a dificuldade em identificar fontes confiáveis num ambiente que não é muito familiar.
Os idosos nasceram em um mundo onde as referências tanto científicas como políticas eram muito bem estabelecidas, com os quais tinham vínculos. Como destacou Débora, essa rapidez do mundo das informações traz descrença, mas também uma sensação de desatualização.
Para o idoso, que tem uma outra forma de compreender o mundo, é mais difícil encontrar as vias de verificação para confrontar as informações com o embasamento científico.
Pesquisas com dados do Facebook corroboram a análise de Debora. Um levantamento com usuários da rede social realizado pelas universidades de Princeton e de Nova York e publicado na revista Science Advances aponta que pessoas com mais de 65 anos compartilham, em média, sete vezes mais informações não checadas ou falsas que jovens entre 18 e 29 anos. O estudo analisou o padrão de comportamento de 3.500 usuários.
É possível ajudar os idosos a não compartilhar a notícia no impulso, seja por meio da ciência e também do afeto, do exercício de compaixão em ajudá-los. É preciso explicar, com carinho, porque não se pode compartilhar automaticamente uma notícia e o risco que esta atitude impensada pode provocar.