General diz que Bolsonaro reclamou de "problemas" no processo eleitoral, mas nega ter discutido golpe: "Isso não aconteceu"
Em depoimento ao STF, o general Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira também negou ter lido a chamada minuta do golpe

Foto: Divulgação/Comunicação Social do Comando de Operações Terrestres
Réu na ação que investiga a suposta trama golpista, o general Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira revelou nesta segunda-feira (28) que, durante uma reunião em novembro de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou a reclamar de "problemas no processo eleitoral". No entanto, o militar negou qualquer pedido de golpe.
Estevam Theophilo, que integra o Núcleo 3 da trama golpista, prestou depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira. Segundo a Polícia Federal (PF), o núcleo, composto por nove militares de alta patente e um agente da PF, elaborou um plano que previa o assassinato do presidente Lula (PT) e do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).
No interrogatório, Estevam Theophilo afirmou que, no encontro, Bolsonaro alisou sua própria conduta na época e avaliou os possíveis motivos que teriam levado à derrota nas urnas. No entanto, ele reforçou que, ao contrário do que as investigações da PF apontaram, a reunião não teve como finalidade uma tentativa de golpe de Estado.
Estevam Theophilo afirmou também que o encontro foi uma reunião oficial, autorizada pelo comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, que pediu que ele conversasse com Bolsonaro para "desopilar e acalmar" os ânimos.
"Ele [Bolsonaro] reclamou de tudo, problemas que houve no processo eleitoral, reclamou até algumas coisas dele próprio, ele achava que podia ter agido diferente, que poderia ter minorado a sua veemência em algumas coisas e foi isso, praticamente como eu falei, o monólogo. Até seguindo a orientação do general Freire Gomes, era acalmando, o senhor presidente", contou.
"Ele [Bolsonaro] achava que houve uma condução, é assim, meio enviesada, ele não podia falar nada, ele não podia transmitir live, não sei de onde, não podia apresentar imagem de não sei o que, enquanto que o outro lado, o concorrente dele podia, então o que ele acha, o que ele desabafou, foi isso", completou.
O general também negou que, no encontro, tenha visto ou discutido a chamada minuta do golpe.
"Maneira nenhuma, excelência, não me foi apresentado nenhum documento, nem me foi proposto nenhuma coisa ilegal e constitucional, de tal forma que eu pudesse aderir ou não. Isso não aconteceu, eu enfatizo isso aqui, porque até não cabia", afirmou.
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