Mortalidade por cânceres ligados ao HPV é alta e pode ser evitada com prevenção primária, aponta pesquisa
Grande parte dos pacientes tem mais de 50 anos de idade, com baixa escolaridade e é negra

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Uma pesquisa feita pela Fundação do Câncer, divulgada na última terça-feira (5), mostrou que cerca de seis mil casos de câncer relacionados ao papilomavírus humano (HPV) poderiam ser evitados por ano através da prevenção primária.
Os dados são chocantes, principalmente porque não contam com os 17 mil casos estimados anualmente de câncer do colo do útero, tipo mais frequente associado ao HPV. Além disso, a prevenção poderia evitar cerca de 4,5 mil mortes por ano.
Essa fi a 4ª edição da pesquisa, "O impacto do HPV em diferentes tipos de câncer no Brasil", que analisou cinco tipos de câncer: orofaringe, ânus e canal anal, vagina, vulva e pênis. Segundo a análise, a maioria dos pacientes já chega às unidades de saúde em estágios avançados da doença, principalmente nos casos de câncer de orofaringe, tumor que se desenvolve em parte da garganta. 88% dos homens e 84% das mulheres já chegam com a doença avançada.
Olhando por outro ângulo, nos casos de câncer de vulva, mais de 50% dos tumores chegam na fase inicial da doença. O levantamento indica ainda que há falhas em relação ao tempo de espera para iniciar o tratamento após o diagnóstico.
"Os dados apontam que as pessoas que chegam ao hospital com o diagnóstico em mãos, em sua maioria, são tratadas com mais de 60 dias, o que fere a lei 12.732/12 que garante ao cidadão iniciar o tratamento dentro desse prazo após o diagnóstico da doença. Isso evidencia que há um fluxo falho no sistema de saúde, sugerindo demora na investigação na atenção secundária e no encaminhamento para a terapêutica", ressalta o diretor executivo da Fundação Luiz Augusto Maltoni.
O estudo observou que, de forma geral, a maioria dos pacientes tem mais de 50 anos de idade (78%), possui baixa escolaridade (64%) e é negra (56% dos homens e 53% das mulheres). Os dados destacam ainda que os casos que poderiam ser evitados, em grande parte pela vacinação, poderiam também reduzir os custos na saúde pública.
"Além de evitar, a prevenção iria reduzir os gastos com diagnóstico, tratamento e internações, inclusive abrindo espaço para pacientes com outros tipos de câncer no sistema de saúde", analisa o diretor executivo da Fundação do Câncer.