Eduardo Bolsonaro diz que trabalha para que comitiva de senadores que negocia tarifaço nos EUA "não encontre diálogo"
Deputado federal está nos EUA desde março e é investigado por buscar interferência do governo Trump nos processos que envolvem Jair Bolsonaro e aliados

Foto: Paola de Orte/Agência Brasil
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou que tem empenhado esforços para que a comitiva do Senado, que viajou aos Estados Unidos com o objetivo de negociar a tarifa de 50% imposta por Donald Trump, não tenha sucesso.
“Eu trabalho para que eles não encontrem diálogo, porque sei que, vindo desse tipo de pessoa, só haverá acordos daquele tipo meio-termo, que não é nem certo, nem errado”, disse em entrevista ao SBT News, na segunda-feira (28).
A comitiva se reúne nesta terça-feira (29) com deputados Democratas e Republicanos, a três dias do início previsto para o tarifaço. O grupo de brasileiros é formado por oito senadores de diferentes partidos. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, também está nos EUA, mas não recebeu nenhum convite da Casa Branca para conversar.
Na última quinta-feira (24), o presidente Lula disse que Trump não quer conversar. "Eu fiquei pensando: o que fazer? Ele não quer conversar, se ele quisesse conversar, ele pegava o telefone e me ligava", disse.
Ainda durante a entrevista, Eduardo Bolsonaro foi categórico ao afirmar que a comitiva “está fadada ao fracasso” e voltou a atrelar a decisão do presidente norte-americano de taxar o Brasil com os processos enfrentados por Jair Bolsonaro.
Segundo ele, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, relator do processo em que Jair Bolsonaro é réu por suposta tentativa de golpe de Estado, encontrou em Trump um “adversário à altura”.
“Se ele [Alexandre de Moraes] acha que vai intimidar o Trump, dobrando a aposta, que é o que ele sempre faz, lamentavelmente haverá mais sofrimento por parte dessas autoridades brasileiras”, declarou.
Eduardo está de licença do mandato de deputado federal desde março deste ano. O parlamentar foi morar nos Estados Unidos alegando que estava sofrendo perseguição política. Ele é investigado por buscar interferência do governo Trump nos processos que envolvem o pai e aliados. No dia 11 deste mês, ele declarou que o fim do tarifaço só seria possível com a anistia do pai.
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Bolsonaro e o tarifaço
A tarifa de 50% imposta aos produtos brasileiros foi anunciada em uma carta pública enviada ao presidente Lula, no dia 9 deste mês. Para justificar a medida, DonaldTrump citou Jair Bolsonaro e o julgamento no Supremo. Segundo ele, a ação é "uma vergonha internacional".
"Conheci e tive relações com o ex-presidente Jair Bolsonaro, e o respeitei muito, assim como a maioria dos outros líderes de países. A maneira como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar acontecendo. É uma Caça às Bruxas que deve terminar IMEDIATAMENTE!", escreveu.
Em resposta, Lula disse que o Brasil é um país soberano e não vai aceitar "ser tutelado por ninguém" e que o processo contra os investigados por uma tentativa de golpe de Estado — Bolsonaro é réu na ação — é de competência da Justiça brasileira.
No dia 7 deste mês, Donald Trump já havia publicado nas redes sociais uma mensagem de apoio a Jair Bolsonaro, que, segundo ele, é alvo de perseguição política no Brasil. Ele disse que o ex-presidente é vítima de uma "caça às bruxas" e "não é culpado de nada".
No último dia 18, Jair Bolsonaro foi alvo de uma Operação da Polícia Federal (PF) e passou a usar tornozeleira eletrônica. A ação investiga a atuação do ex-presidente em apoio a Eduardo Bolsonaro, além do risco de que ele deixe o Brasil antes de ser julgado.
Bolsonaro é suspeito de obstrução de Justiça, coação no curso do processo e ataque à soberania nacional. Ele está proibido de usar redes sociais, de conversar com diplomatas estrangeiros e de se aproximar de embaixadas.
Após a operação integrantes do Partido Liberal pediram para Eduardo convencer o governo dos EUA a desistir do tarifaço. No entanto, o deputado reforçou que a medida foi definida por Trump, e que seria difícil interferir nele.
Três dias após a operação contra o pai, Eduardo Bolsonaro negou influência sobre o tarifaço e disse que sempre trabalhou por "sanções individuais" ao ministro Alexandre de Moraes.
"Não era o meu desejo, tá? Sempre trabalhei para sanções individuais no Alexandre de Moraes, mas, né, o presidente Trump, dentre as alternativas dele, escolheu essa [tarifaço] [...] Depois, caso isso daí não surtisse efeito, seguir adiante em todas as demais autoridades que dão suporte para esse regime, porque ele não age sozinho, ele age com o amparo de outras autoridades brasileiras", afirmou.
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